
Aliados e caciques do Centrão avaliam que qualquer candidato do campo ideológico só vai decolar com a benção do ex-presidente. Há quem defenda que o anúncio desse nome aconteça até dezembro — tido como pouco provável de acontecer.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem dito que vai ser candidato à reeleição. A postura busca evitar ataques antecipados de adversários e esperar o cenário das pesquisas eleitorais mais perto do pleito. A tendência é que uma definição só aconteça no prazo dos registros das candidaturas.
O governador é hoje o nome mais forte para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas — e até para conter uma fragmentação da centro-direita.
Se Tarcísio realmente ficar em São Paulo, há um receio na direita de que uma pulverização de candidaturas divida o eleitorado bolsonarista no primeiro turno da eleição presidencial.
Um novo encontro entre Tarcísio e Bolsonaro está marcado para 10 de dezembro. No dia 9, o ex-presidente recebe o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), um dos que tentam se viabilizar ao Planalto. No entanto, o mandado de prisão de Bolsonaro pela trama golpista deve ser expedido pelo Supremo ainda neste mês, impossibilitando as visitas.
Aliados mais próximos de Bolsonaro já se movimentam nos bastidores para a execução da pena, que deve começar em regime fechado. Eles não querem antecipar ações, mas, a depender do tratamento dado, como a falta de um aceno prévio aos advogados e um eventual envio dele à Papuda -- penitenciária do Distrito Federal --, prometem ser mais duros nas críticas à Corte.
Ao mesmo tempo, a família do ex-presidente enxerga uma tentativa sutil de descolamento por parte de políticos mais voltados ao centro.
Os desentendimentos têm o potencial de rachar a base bolsonarista, como já acontece em Santa Catarina. Inclusive, faz com que Flávio e Michelle Bolsonaro se coloquem disponíveis a uma chapa presidencial para tentar manter a situação sob controle da família.
Mesmo futuro deles, ou de qualquer outro nome, passa pelas mãos do ex-presidente, que deve ter articulações e avaliações de cenários limitadas se for cumprir a pena no sistema carcerário e não mais em casa, como é hoje.