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Venezuela decreta estado de exceção que dá poderes especiais a Maduro em caso de ataque dos EUA

A informação foi divulgada pela vice-presidente da Venezuela nesta segunda-feira (29). A medida ocorre após os EUA mobilizar navios de guerra e tropas para o Caribe.

Samuel Barbosa
Por: Samuel Barbosa Fonte: Notícia Certa
30/09/2025 às 07h09
Venezuela decreta estado de exceção que dá poderes especiais a Maduro em caso de ataque dos EUA

A Venezuela decretou um estado de exceção que dá poderes especiais ao presidente Nicolás Maduro em caso de "agressão" dos Estados Unidos, informou nesta segunda-feira (29) a vice-presidenta Delcy Rodríguez. A medida ocorre após os EUA mobilizarem navios de guerra e tropas para o Caribe.

"O presidente subscreveu o decreto de comoção externa", disse Rodríguez em um ato em Caracas com o corpo diplomático credenciado no país. O decreto permite a Maduro "atuar em matéria de defesa e segurança e defender a Venezuela" se os Estados Unidos "chegarem a se atrever a agredir nossa pátria", acrescentou.

As tensões entre Trump e Maduro aumentaram desde que, há um mês, os EUA mobilizaram oito navios de guerra na região, sob o argumento de combater o tráfico de drogas. Trump também acusou Maduro de liderar um cartel, aumentando as especulações sobre uma possível intervenção militar na Venezuela.

O embate entre os líderes não é de agora. Em 2017, em seu primeiro mandato, Donald Trump chegou a falar em "opção militar" para a Venezuela.

Já em março de 2020, os EUA acusaram formalmente Maduro de narcoterrorismo. Atualmente, o governo americano oferece uma recompensa de R$ 50 milhões por informações que levem à prisão ou condenação do líder chavista.

Maduro oferece ajuda contra líderes de gangues

 

Conforme a agência Bloomberg, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se ofereceu para ajudar Donald Trump a capturar líderes do cartel de drogas Tren da Aragua. A proposta foi feita no início de setembro, depois que os EUA mobilizaram militares para as operações antinarcóticos no Caribe.

Maduro tem buscado retomar negociações com Washington e, segundo fontes ouvidas pela agência, afirmou que poderia colaborar na localização dos chefes mais procurados do grupo criminoso, que atua em vários países das Américas e se tornou prioridade para o governo Trump.

A iniciativa foi acompanhada de uma carta enviada a Trump, na qual o presidente venezuelano pede diálogo direto para reduzir as tensões entre os dois países.

Na carta, vista pela agência Reuters, Maduro rejeitou as alegações dos EUA de que a Venezuela desempenhava um grande papel no tráfico de drogas, observando que apenas 5% das drogas produzidas na Colômbia são enviadas através da Venezuela.

"Presidente, espero que juntos possamos derrotar as falsidades que têm manchado nosso relacionamento, que deve ser histórico e pacífico", escreveu Maduro na carta.

A carta de Maduro foi datada de 6 de setembro, quatro dias após um ataque dos EUA a um navio que o governo Trump alegou, sem provas, estar transportando traficantes de drogas.

Em 16 de setembro, Trump anunciou pelo menos o terceiro ataque contra supostas embarcações de drogas da Venezuela, em meio a um grande reforço militar dos EUA no sul do Caribe, que inclui sete navios de guerra, um submarino nuclear e caças F-35.

O ataque matou "três homens narcoterroristas a bordo da embarcação", disse Trump, sem fornecer provas.

Trump negou na semana passada que esteja interessado em uma mudança de regime na Venezuela, mas Washington dobrou, em agosto, a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro para US$ 50 milhões, acusando-o de ligações com o tráfico de drogas e grupos criminosos.

O governo Trump parece dividido sobre a Venezuela, com o secretário de Estado, Marco Rubio, e o secretário de Defesa, Pete Hegseth, liderando a campanha de pressão contra Maduro, enquanto Grenell, que atuou como diretor interino de inteligência nacional durante o primeiro mandato de Trump, e outros impulsionam a diplomacia.