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Avião que caiu no Pantanal com arquiteto e cineastas voava fora do horário permitido

Conforme a Anac, a aeronave estava habilitada para voo diurno, não estando equipada para voar à noite ou em condições de mau tempo

Samuel Barbosa
Por: Samuel Barbosa Fonte: Notícia Certa
25/09/2025 às 10h44
Avião que caiu no Pantanal com arquiteto e cineastas voava fora do horário permitido

A aeronave que caiu em Aquidauana, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, causando a morte de um dos maiores arquitetos e urbanistas do mundo, o chinês Kongjian Yu, dois documentaristas brasileiros - Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr. - e o piloto Marcelo Pereira de Barros, nesta terça-feira, 23, operava fora do horário para a qual estava habilitada, segundo a delegada Ana Claudia Medina, do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.

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"Vamos verificar quais são as condições dessa aeronave, quais eram as condições de voo, mas já temos algumas informações que nos levam a uma operação fora do horário na pista existente aqui no local onde faziam o pouso", disse.

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Conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave estava habilitada para voo diurno, não estando equipada para voar à noite ou em condições de mau tempo. Nesse tipo de operação, o piloto precisa manter contato visual com o solo e usar o horizonte para se orientar no trajeto. Segundo depoimentos de testemunhas, já era noite quando o piloto tentava o pouso na pista da fazenda Barra Mansa.

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O Hotel Barra Mansa esclareceu que a aeronave envolvida no acidente não fazia parte dos serviços oferecidos pelo estabelecimento, tratando-se de um voo particular.

A delegada disse que a primeira providência ao chegar ao local foi a retirada das vítimas dos restos do avião, que explodiu ao tocar o solo. "Priorizamos a extração das vítimas dos destroços da aeronave e a tentativa de identificar as vítimas. Ainda há necessidade de individualizar as identidades das vítimas que acabaram em óbito, já que no sinistro a aeronave acabou carbonizando e trouxe diversos prejuízos para a identificação desses corpos. Fizemos oitivas e requisitamos exames", disse.

Durante a análise inicial, não foi possível realizar o reconhecimento pessoal por documentos nem pela papiloscopia comum das vítimas.

A confirmação inicial das identidades foi baseada em depoimentos de testemunhas e familiares.

Até o início da noite, a delegada aguardava a chegada da equipe de peritos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), dificultada pelo isolamento do local. "Aguardamos a chegada da equipe para que a gente possa se aprofundar no local onde se encontram os destroços da aeronave, verificar quais são condições da aeronave e quais eram as condições do voo."

As famílias já foram informadas sobre a necessidade de fornecer material genético para confronto de DNA (ácido desoxirribonucleico). O filho do piloto, de 8 anos, entregou amostra que, junto com as demais, foi encaminhada para Campo Grande.

A maioria dos familiares das vítimas vive em São Paulo. Já os parentes do piloto, apesar de ele residir em Mato Grosso do Sul, também são do interior paulista. A ex-mulher e o filho estavam na cidade no momento da tragédia.