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Em meio a tensão com EUA, Lula abre hoje Assembleia Geral da ONU

Expectativa é que as falas do presidente tenham como eixos centrais a defesa do multilateralismo e soberania nacional

Samuel Barbosa
Por: Samuel Barbosa Fonte: Notícia Certa
23/09/2025 às 08h22
Em meio a tensão com EUA, Lula abre hoje Assembleia Geral da ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abre nesta terça-feira (23) a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Como prevê a tradição, desde 1955 o Brasil é o primeiro país a discursar, seguido pelos Estados Unidos.

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Esta será a décima vez que Lula assume o púlpito da ONU para abrir os debates de chefes de Estado.

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Na segunda-feira (16), a Casa Branca anunciou a revogação de vistos da esposa e dos filhos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), além de restrições contra o advogado-geral da União, Jorge Messias, e outras cinco pessoas.

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As medidas foram tomadas no âmbito da Lei Magnitsky e representam uma retaliação à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decisão que desagradou o governo Trump.

presidente brasileiro será acompanhado por uma comitiva de ministros, entre eles Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente), Márcia Lopes (Mulheres), Jader Barbalho (Cidades), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública).

A composição da equipe enfrentou dificuldades por restrições de vistos impostas pelos EUA.

Discurso de Lula

As falas de Lula devem ter como eixos centrais a defesa do multilateralismo, da soberania nacional e cooperação internacional e de uma agenda progressista voltada para direitos sociais e sustentabilidade.

Ele deve reforçar a necessidade de reformas no Conselho de Segurança da ONU, além de chamar países a se engajarem no combate às mudanças climáticas, com destaque para a COP30, que ocorrerá em Belém (PA), em novembro.

Outro ponto previsto é a reafirmação da soberania nacional e do princípio da não intervenção, uma crítica ao aumento de tarifas dos Estados Unidos contra o Brasil e outras nações. O tom do discurso pode ser ajustado até o último minuto, especialmente diante das sanções mais recentes impostas por Washington a autoridades brasileiras.

Brasil e EUA

O pano de fundo da participação brasileira é a pior crise diplomática em mais de 200 anos de relações com os Estados Unidos. O governo Trump anunciou sanções contra exportações e autoridades brasileiras, incluindo familiares de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Apesar de estarem lado a lado na tribuna da ONU, não há expectativa de encontro formal entre Lula e Donald Trump. Assessores da Presidência afirmam que, no máximo, pode haver um aperto de mãos, mas sem conversas substanciais. O Serviço Secreto americano define os horários de chegada do presidente dos EUA, o que pode evitar até mesmo que ambos se encontrem nas antessalas da ONU.

Enquanto Lula deve centrar sua fala em democracia, cooperação e clima, Trump deve usar o púlpito para reforçar sua política de “America First”, justificando medidas unilaterais, cortes de financiamento à ONU e críticas a propostas ambientais globais.

Além disso, os EUA foram excluídos da segunda edição do evento “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”, articulado pelo Brasil e aliados e marcado para quarta-feira (24), em Nova York. A decisão reflete o clima de tensão nas relações bilaterais.

Por que o Brasil abre os discursos da ONU?

O Brasil é tradicionalmente o primeiro país a discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU desde 1955. A prática se consolidou porque, à época, o país se voluntariava para iniciar os trabalhos quando outras nações evitavam abrir os debates. Desde então, a tradição se mantém, reforçando a visibilidade internacional do Brasil no cenário diplomático.

(Com informações de Américo Martins, Priscila Yazbek e Jussara Soares, da CNN)

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