 
 
das creches será zerada até 2026. Em entrevista ao programa CB.Poder — uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília —, ela detalhou às jornalistas Sibele Negromonte e Carmen Souza as principais novidades da rede pública de ensino da capital. Além do compromisso com a ampliação da oferta de vagas, Hélvia falou sobre novos programas e políticas voltadas ao fortalecimento da educação básica e ao apoio aos estudantes, como a Bolsa Enem e o Cartão Uniforme Escolar. A gestora também comentou os desafios enfrentados nas escolas, como a logística de entrega dos uniformes e os recentes casos de violência no ambiente escolar.
Como a secretaria está se preparando para o ano letivo de 2026? Vai ter vaga para todo mundo?
Vai ter vaga para todo mundo, a expectativa é de 20 mil novos estudantes que é o fluxo, porque também está saindo em torno de 20 mil do terceiro ano do ensino médio. Amanhã (hoje) é o último dia para matrícula de novos alunos. Para os pais que ainda não procuraram a secretaria, liguem 156, porque depois o prazo não será prorrogado, com abertura novamente apenas em janeiro.
Como está a fila das creches no Distrito Federal?
Vamos zerar a fila. Em 2026 teremos a oferta de vagas para todas as crianças que os pais quiserem colocar na creche. Às vezes as pessoas dizem: ‘Eu pedi uma vaga e não consegui’. Mas determinadas regiões do Distrito Federal têm vagas sobrando. Nós inauguramos uma creche, um Cepi, em São Sebastião, com capacidade para 188 estudantes e temos apenas 100 matriculados. Então, tem vaga sobrando. Às vezes não está próximo da casa da mãe, mas existe a oferta. E essa oferta será para todas as crianças que estão na fila e as que quiserem vir.
Qual o tamanho da fila de espera hoje, secretária?
Temos cerca de 3,1 mil estudantes na fila, só que desses, em torno de 1,5 mil, são os não elegíveis, em que as mães fizeram a matrícula antes de o filho nascer, antes de completar a idade mínima de quatro meses, porém se surgir a vaga, ele não pode entrar ainda, porque tem que ter os quatro meses completos.
Como funciona o Cartão Creche?
O Cartão Creche é um grande parceiro nosso. Nós temos mais de 12 mil crianças atendidas nesse programa. Funciona em creches privadas: por exemplo, em uma unidade com 200 vagas, 100 os pais pagam e as outras 100 compramos para os estudantes em situação de vulnerabilidade social.
O que é a Bolsa Enem? Como ela vai funcionar?
O governador Ibaneis Rocha começou a observar que muitos estudantes da rede pública de ensino faziam uma boa pontuação no Enem e entravam em universidades, não necessariamente a UnB ou a UnDF. Entravam em universidades públicas em Minas Gerais, em Goiás, na Bahia, em outros estados e não tinham condições de ir. Então, para essas pessoas em situação de vulnerabilidade, com Cadastro Único para Programas Sociais, estamos preparando um projeto de lei, com valor de mensalidade para esses estudantes, que deverá ser definido até a próxima semana, com base no valor médio dos cursos de humanas e exatas em universidades privadas.
Em gestões anteriores, houveram alguns problemas quanto às entregas dos uniformes escolares. Como a secretaria vai solucionar essa questão no próximo ano?
O maior problema no primeiro ano foi um atraso. Fizemos um pregão — foi um aprendizado, ainda estávamos entendendo como fazer. Algumas malharias do Sul ganharam esse pregão, o que exigiu toda uma logística para entregar. As escolas recebiam, os diretores ficavam enlouquecidos com aquele monte de kits. Imagine uma escola com mais de dois mil estudantes, sete peças para cada um. Era preciso separar por tamanho, porque as empresas mandavam tudo misturado. Era uma logística enlouquecedora. Começamos a perceber que esse não era o melhor caminho. Já existia um desejo do Sindiveste e uma tratativa com o governador para fortalecer as malharias do Distrito Federal. Antes de comprarmos os uniformes para toda a rede, os pais compravam nessas malharias — não sete peças, claro, mas geralmente a camiseta. Conversamos com o Sindiveste e decidimos fazer essa nova experiência, que acredito que vai dar muito certo. O grande problema eram os tamanhos. Montávamos uma grade com base na faixa etária, mas um menino de 8 anos, às vezes, veste tamanho 12 ou pode vestir 6, dependendo do biotipo. A partir de agora, o pai vai à malharia comprar as peças. Estamos dividindo o enxoval de verão, que será entregue primeiro, e depois virão os de inverno. As malharias também vão entrar em um novo momento, produzindo muito mais do que antes — não só as camisetas, mas também bermudas, agasalhos e calças. Quando o aluno for matriculado, os pais receberão um cartão. O BRB organizará a distribuição em cada escola, entregará o cartão aos pais, e então eles poderão ir à malharia comprar o uniforme.
Recentemente tivemos um caso em que um pai de uma aluna bateu em um professor. Onde a secretaria está falhando nesses casos de violência nas escolas?
Olha, eu diria que é todo um problema da sociedade. A violência se tornou uma doença social. Pais que não impõem limites — você vê um pai chegar ao ponto de, na frente da filha, espancar o professor. Ainda que o professor estivesse errado, essa não é a forma correta. A escola havia recebido o pai, conversado com ele e explicado: “Olha, nós temos os caminhos, temos uma corregedoria que apura. E, se o professor realmente fizer isso, ele será punido, como vários já foram”. Mas ele, insatisfeito, olhou para o professor, entrou e partiu para a agressão. A família está falhando. A escola está fazendo o seu papel, os professores estão educando. Nós temos o programa NaMoral, que virou lei — um programa de educação para a integridade — com o qual trabalhamos honestidade, comportamento, valores e virtudes com os alunos. Tudo isso está sendo desenvolvido em sala de aula. Temos vários programas de sucesso. Há, inclusive, um livro com opções que as escolas podem escolher para implementar, como o de Cultura de Paz. A secretaria vem trabalhando isso. Temos uma unidade de qualidade de vida no trabalho, que atende professores adoecidos. Esse professor que passou por uma situação assim é acolhido por uma equipe com psicólogos e assistentes sociais. A secretaria está fazendo o seu papel, mas clamamos à sociedade: o pai precisa olhar a mochila do filho e ver o que ele está levando para a escola, para que não entre com uma arma branca, por exemplo.
 
  
  
  
 