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Jennifer Aniston: o sonho de ser mãe biológica e o poder de escolha

Caso de Jennifer Aniston reacende a reflexão sobre o que significa, de fato, ser mãe, e o debate sobre maternidade ganha novas camadas

Naty Araujo
Por: Naty Araujo Fonte: Notícia Certa
29/10/2025 às 10h17
Jennifer Aniston: o sonho de ser mãe biológica e o poder de escolha

Entre expectativas sociais e desejos individuais, debates sobre liberdade feminina e diferentes formas de viver a maternidade estão sempre acesos. A declaração recente de Jennifer Aniston tocou uma questão delicada: até que ponto o desejo pela experiência de ser mãe biológica pode ser considerado egoísta?

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A reflexão vai além do universo das celebridades e traz luz a um ponto sensível da vida de muitas mulheres: o direito de escolher como, quando e se querem maternar, sem julgamentos ou expectativas impostas pela sociedade.

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Quando o desejo encontra o julgamento

Jennifer Aniston, uma das figuras mais queridas de Hollywood, recentemente voltou em um tópico delicado ao revelar seu profundo desejo de ser mãe e as dificuldades que enfrentou para engravidar. Em declarações que repercutiram mundialmente, a atriz afirmou que, após anos tratamentos de fertilização in vitro (FIV) sem sucesso, não pretende adotar ou buscar outras alternativas. Para ela, a maternidade ideal está ligada à conexão biológica e o desejo de gerar um filho que carregue seu DNA.

A fala, aparentemente simples e pessoal, despertou reações intensas. Para alguns, soou como um gesto de honestidade e vulnerabilidade. Para outros, levantou questionamentos sobre o que motiva esse tipo de escolha. Seria um desejo natural ou uma visão idealizada da maternidade? Estaria aí um traço de egoísmo ou apenas a expressão legítima de um sonho pessoal?

O peso das expectativas sociais

A sociedade, historicamente, impôs às mulheres o papel da maternidade como destino natural. Ao mesmo tempo, nas últimas décadas, o discurso da liberdade feminina trouxe novas perspectivas: mulheres podem — e devem — escolher se desejam ou não ser mães. No entanto, entre o “ter que ser” e o “não precisar ser”, há uma zona cinzenta que raramente é discutida com empatia: a das mulheres que desejam a maternidade biológica, mas para as quais esse caminho não é possível.

“Muitas vezes, as decisões femininas sobre a maternidade são acompanhadas de julgamentos, como se existisse uma forma correta ou moralmente superior de exercer esse papel”, afirma a psicóloga Cibele Santos. “Mas a verdade é que cada história tem suas próprias motivações, contextos e sentimentos. A maternidade é uma experiência única e não deve ser medida por padrões alheios.”

Desejo não é egoísmo

Para Cibele, é importante separar o desejo de ser mãe da imposição social da maternidade. Quando uma mulher expressa o anseio de gerar um filho biologicamente, isso não a torna menos empática ou mais centrada em si mesma.

O desejo por uma maternidade biológica pode estar ligado à necessidade de conexão, continuidade e identidade. Isso não é egoísmo — é humano.

Cibele Santos

Ela ressalta que, da mesma forma, a decisão de não querer engravidar, adotar ou ter filhos também deve ser vista com naturalidade.

“Toda escolha é legítima quando parte do autoconhecimento e do respeito aos próprios limites. Não existe maternidade ideal, existe a maternidade possível e desejada.”, pontua a especialista.

Entre o amor e a autonomia

O debate sobre o “tipo certo” de maternidade reflete o quanto ainda é difícil lidar com a autonomia feminina. Quando uma mulher decide não ser mãe, recebe críticas. Quando decide ser mãe solo, recebe questionamentos. Quando quer adotar, se sente deslocada. E, se deseja apenas filhos biológicos, é julgada e acusada de egoísmo.

Essas contradições revelam como o corpo e os desejos femininos continuam sendo pauta pública. Ao contrário do que muitos imaginam, o sonho de uma maternidade biológica não precisa estar associado a vaidade ou controle, mas pode representar um projeto afetivo e simbólico profundo.

Escolher também é um ato de amor

A história de Jennifer Aniston ilustra um ponto essencial: não há um único modelo de realização feminina. Algumas mulheres encontram sentido na maternidade; outras, em suas carreiras, viagens, relacionamentos ou causas pessoais. O que deve unir todas elas é o direito de viver escolhas sem culpa ou julgamento.

“A maternidade, seja biológica, adotiva ou simbólica, é uma jornada profundamente pessoal”, reforça Cibele Santos. “Precisamos aprender a validar o desejo de cada mulher, inclusive o de não desejar. O que deve guiar essa decisão é o amor e o respeito por si mesma.”

Uma nova forma de empatia

Mais do que definir quem está “certa” ou “errada”, o debate sobre maternidade hoje pede escuta e empatia. Cada mulher carrega suas próprias histórias, perdas, medos e sonhos. Algumas sonham em adotar; outras, em gestar. Algumas não sonham com filhos, e tudo bem.

Ao fim, o que Jennifer Aniston nos lembra, mesmo sem querer, é que ser mulher não é sinônimo de ser mãe, e ser mãe não é sinônimo de renúncia. Respeitar as escolhas individuais é reconhecer que o amor também pode existir nas decisões que tomamos por nós mesmas.