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COP 30 impulsiona debate sobre veganismo

Celebrada mundialmente em novembro, a cultura alimentar ganha adeptos e convoca debate sobre saudabilidade

Robson Silva De Jesus
Por: Robson Silva De Jesus Fonte: Agência Dino
14/11/2025 às 14h25
COP 30 impulsiona debate sobre veganismo
Imagem de freepik

O veganismo, cultura alimentar celebrada mundialmente neste mês de novembro, ganha na COP 30, realizada em Belém (PA), um lugar de protagonismo mediante as 150 delegações de países em nome da sustentabilidade. Tudo porque o evento, de importância mundial, tem o compromisso de oferecer 40% de refeições vegetarianas e veganas aos seus participantes, que representam as mais diferentes regiões e localidades do planeta.

A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) treinou mais de 30 hotéis e restaurantes para oferecer (boas) opções veganas aos participantes do evento. De acordo com Ricardo Laurino, vice-presidente da SVB, os temas relacionados à alimentação ainda não são uma prioridade dentro dos debates diplomáticos da Cúpula Mundial do Clima, a COP. O representante afirma que, "por isso, a presença de entidades como a SVB e outras, que vêm propor o debate sobre a alimentação, é importante para gerar uma mudança cultural".

A SVB também se propõe a fiscalizar o cumprimento das metas estabelecidas nas cúpulas em torno da oferta de itens veganos aos participantes. A Sociedade foi a responsável por encomendar uma pesquisa do Instituto Datafolha sobre o veganismo no país. O principal resultado do estudo é que cerca de 7% da população brasileira se considera vegana, indicando um aumento no número de pessoas adeptas a este estilo de vida.

Segundo Laurino, "muitas pessoas estão buscando uma redução no consumo de carne e produtos de origem animal". A afirmação tem comprovação dentro da pesquisa, que indica que 22% dos brasileiros já tentaram parar de comer carne e que 43% e 42% cortariam seu consumo em prol do meio ambiente e dos animais, respectivamente.

Outro grande motivador do público em abandonar o consumo de produtos de origem animal, de acordo com a pesquisa, é a saúde. Das pessoas entrevistadas pelo Datafolha, 74% disseram que deixariam de comer carne por este motivo.

A nutricionista Cristiana Lima, conhecida na internet por suas receitas práticas e por incentivar um estilo de vida equilibrado, afirma que "adotar o veganismo é uma escolha poderosa para a saúde". Em sua opinião profissional, a dieta dos veganos promove redução dos riscos de doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e obesidade, já que é naturalmente rica em fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes.

Ou seja: além de uma opção em prol do planeta, a escolha pelo veganismo tende a ter uma orientação individual baseada no autocuidado.

A influencer ressalta que "uma dieta vegana baseada apenas em junk food —batata frita e refrigerante são veganos e nada saudáveis - é tão ruim quanto qualquer outra dieta desequilibrada".

Cristiana aponta que este estilo de vida exige atenção a certos nutrientes que neste contexto podem ser deficitários. Estes nutrientes são: zinco, iodo, cálcio, ômega 3, ferro e vitamina B12. Para este último, Cristiana indica suplementos ou alimentos fortificados com B12, já que essa vitamina "só é encontrada em quantidades suficientes em alimentos de origem animal" e sua deficiência "pode levar a danos neurológicos".

Há ainda um ingrediente que a nutricionista vê como "a estrela versátil da culinária vegana": o coco. Cristiana descreve o fruto como "rico em gorduras boas (MCTs), fibras (presentes especialmente na polpa ou carne do coco), minerais (especialmente manganês e cobre) e o potássio, o que faz da água de coco uma bebida isotônica natural". O uso de elementos à base de coco é tradicional no Brasil, que possui grandes indústrias representando esse segmento.

Uma delas é a Copra, com sede em Alagoas e um portfólio de mais de 100 itens derivados do beneficiamento do coco seco, todos eles veganos.

"A versatilidade do coco acompanha esse movimento de valorização de dietas mais equilibradas e com foco em ganhos nutricionais", comenta Hélcio Oliveira, fundador e CEO da Copra.

Presente em aproximadamente 40 mil pontos de distribuição no Brasil e no exterior, a empresa possui expectativa de crescimento de receita acima de 10% em 2025. Os debates na COP 30 contribuem com um cenário positivo para o cumprimento dessa meta. "A discussão sobre o veganismo, combinando saudabilidade e sustentabilidade, inova o debate público sobre esses temas", comenta Oliveira.

Os produtos à base de coco da Copra são usados por adeptos do veganismo e também pelas pessoas que buscam uma alimentação mais flexível. Além de atuar nesse nicho da saudabilidade alimentar, a Copra foi quem lançou o óleo de coco no Brasil, um produto que passou a ser incorporado como item cosmético de linha vegana. Esta, aliás, é outra tendência de consumo: a busca por produtos de higiene e beleza naturais, sem derivação animal e que também não sejam testados em animais. O óleo de coco se encaixa nessa categoria, com uso já popularizado no Brasil.

Os debates realizados na COP 30 chamam a atenção para o respeito às vocações regionais com seus insumos para a produção de energia limpa, para a indústria de alimentos ou de insumos para o desenvolvimento de uma série de cadeias produtivas. O Pará, onde a Conferência é realizada, tornou-se um dos grandes polos de produção de coco no Brasil, ao lado do interior de São Paulo. "Os coqueirais e o próprio coco fazem parte do cenário brasileiro, ilustrando sua relação com a natureza e a sustentabilidade. Ter a COP 30 no Brasil contribui para a valorização do coco e da cultura que gira em torno dele, em vários sentidos", complementa Oliveira, da Copra.

A empresa opta pelo máximo aproveitamento do coco, o que permitiu criar um portfólio tão amplo de produtos — incluindo shoyu, manteiga, calda de chocolate, entre outros itens. Além disso, outros usos da casca do coco são avaliados, tanto com foco em reciclagem quanto a novos usos com foco em sustentabilidade.