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Série literária aposta em personagens com dilemas universais

Série “A Contrapartida”, escrita por Uranio Bonoldi, une filosofia estóica, suspense e personagens que lidam com experiências facilmente identificá...

Robson Silva De Jesus
Por: Robson Silva De Jesus Fonte: Agência Dino
10/10/2025 às 15h35
Série literária aposta em personagens com dilemas universais
Lumix Art Films / Thiago Sapienza

O processo criativo para escrita de uma obra literária pode envolver inúmeras etapas. Desde pesquisa de campo, aprofundamento em culturas, religiões, estudos científicos ou, até mesmo, uma visita ao passado através da história. Quase tudo é válido para criação de um universo que caiba perfeitamente nas páginas de um livro. Para escrever a série "A Contrapartida", o autor Uranio Bonoldi lançou mão de uma antiga filosofia: o estoicismo.

Essa linha de pensamento busca a arte do bem viver, a aceitação e o autocontrole a partir do autoconhecimento e da consciência dos atos e suas consequências. De acordo com o autor, o segredo para usar o estoicismo em sua obra foi vê-lo como uma ferramenta de reação dos personagens diante da tensão da vida.

"Essa reação pode ser catastrófica se carregada de emoção ou pode ser, segundo o estoicismo, carregada do bem viver se estiver orientada a valores, virtudes e a sabedoria do ser humano", explica Bonoldi.

Ao mesmo tempo em que se apoia na visão estoicista, a série também tem como parte de seu enredo o suspense. O autor evidencia que esse gênero se apoia no inesperado, no medo e na reação ao incerto, e que combinar esses dois elementos permite que eles se complementem com o objetivo de envolver o leitor na história.

"Para trazer isso para o mundo atual, procurei usar uma linguagem simples, sem apelar para uma densidade filosófica, o que afastaria os amantes de suspense. Usei pensamentos curtos dos personagens e uma linguagem que refletisse a maneira como as pessoas pensam e se expressam", conta.

Identificação com a realidade

A construção dos personagens, suas características e tramas individuais também foi uma etapa fundamental para a escrita dos cinco volumes da série literária. Uranio revela que o foco está em tornar as experiências ficcionais mais próximas da realidade do leitor, gerando identificação.

"O grande ponto nessa busca está em entender que pessoas reais não são inteiramente boas ou más. Sendo assim, um personagem pode ser generoso com sua família, por exemplo, e, por outro lado, ser egoísta pela busca de resultados profissionais. Trabalhar essa dicotomia é fundamental para trazer a ficção para o mundo real e conquistar a empatia do leitor pelos personagens", esclarece o autor. O personagem principal da trama, por exemplo, busca transmitir uma personalidade forte e segura, mas é assombrado por inseguranças em sua vida pessoal. O enredo gira, portanto, nessas contrapartidas encontradas durante a história, buscando incorporar as falhas e as contradições, humanizando os personagens.

"Cada personagem é movido por algum desejo e pelas suas ambições. Essas motivações são a força motriz por trás das ações dos personagens e isso os leva a tomar decisões difíceis e a enfrentar conflitos. Ao longo da obra, os personagens também mudam de comportamento, na vida real, a alternância de comportamento é um fato. Em última instância, a saga mostra que o poder está nas escolhas, decisões que definem destinos", esclarece o autor.

Sobre suas fontes de inspiração para o desenrolar da história, Bonoldi conta que sua trajetória no mundo corporativo o ajudou a fazer observações sociais importantes, além de considerar o mundo atual e seus eventos históricos.

"Um grande exemplo da minha vivência foi ter observado a dificuldade que as pessoas têm em fazer escolhas e tomar decisões. Reparei, em minha carreira executiva, que muitos líderes se comportam de maneira a delegar a decisão para outros agentes, apresentando contradições no seu comportamento entre o que falavam e como agiam", reflete.

Ambientação

Alguns momentos da série literária se ambientam na Floresta Amazônica. Para que as descrições feitas na obra fossem o mais próximo da realidade possível, Uranio visitou o Amazonas em três ocasiões e, em uma das oportunidades, conheceu e conviveu com uma tribo indígena.

"Para alcançá-la precisei voar por quase uma hora sobre a selva num avião monomotor até Maués, e depois mais uma hora e meia em uma pequena lancha. Nessa tribo aprendi suas rotinas, sobre o povo, alguns de seus rituais, sua cultura, seus deuses e, muito importante, a partir do seu olhar, qual sua visão atual sobre as cidades grandes, bem como do homem ocidental", revela o autor.

Como cativar o leitor brasileiro?

O estoicismo moderno tem sido tema de debates contemporâneos e figura em reportagens recentes, em veículos como o Estadão. Nesse cenário, a série "A Contrapartida" propõe unir a tensão narrativa do suspense psicológico com a filosofia estoica, numa proposta que o autor define como "suspense estoico moderno".

A ideia de Bonoldi se apresenta em um momento em que o leitor brasileiro, de fato, carece de motivação para melhorar seu hábito de leitura. Números da sexta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil atestam que o brasileiro está lendo menos.

Ao mesmo tempo, dados da edição 2024 do "Panorama do Consumo de Livros", mostram que 16% da população brasileira acima de 18 anos afirma ter comprado ao menos um livro nos 12 meses anteriores à realização da pesquisa. Entre os leitores que adquiriram livros impressos em meios online, obras de ficção ficaram em segundo lugar entre a preferência de adultos (39,3%). Quanto à motivação do leitor, 44,8% dos respondentes afirmaram que a finalidade da leitura está diretamente ligada ao seu crescimento pessoal.

"Acredito que a boa cultura é aquela que busca uma transformação positiva da sociedade. Espero que a obra provoque reflexão nos leitores, colocando-os diante de dilemas como: Cortar caminhos para obter o que se deseja, é um bom caminho? Temos coragem de dizer ‘não’? É possível perdoar? Esses questionamentos não oferecem respostas prontas, mas criam espelhos em que cada leitor pode se ver diante das próprias escolhas e suas possíveis consequências", salienta o autor.

"A Contrapartida" chega ao seu quinto e último volume integrando diversas abordagens ficcionais durante seu enredo, desde investigações policiais, garimpo e exploração de madeira ilegal na Amazônia, até uma visão da política atual e crítica às grandes corporações.

Em breve estará disponível, no site oficial de Uranio Bonoldi, o Volume 5 da série e um box exclusivo reunindo todos os livros, para conferir basta acessar: https://uraniobonoldi.com/