A Câmara retirou de pauta, no início da noite desta quarta-feira (8/10), a Medida Provisória (MP) arrecadatória que permitiria ao governo ajustar as contas em 2026. A derrubada do texto foi uma derrota política importante para a gestão Lula (PT), que viu o apoio à proposta desaparecer nos últimos dias. Foram 251 votos a 193.
Embora o relator, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), tenha atendido às demandas de diversos setores — recuou de taxar LCI e LCA e de aumentar taxas a bets, por exemplo —, o agro e partidos do Centrão se posicionaram contra a proposta.
Na votação da retirada de pauta, até partidos da base do governo fecharam questão para derrubar a Medida Provisória, como foi o caso do PSD. O União Brasil e o PP, que decidiram deixar o governo recentemente, também votaram em peso pela retirada, embora tivessem concordado em apoiar o texto.
“Foi feito um acordo e o acordo foi rompido. Foi feito um acordo com o agro, foi feito um acordo que envolvia lideranças do PP e do União Brasil. E eles romperam”, disse o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ).
“Consideramos o que está acontecendo aqui hoje um ato de sabotagem do Brasil. Por parte do deputado Carlos Zarattini, houve toda a paciência para construir um acordo de mérito. Mas o que ficou claro para a gente é que a discussão não é sobre o mérito, sobre o conteúdo. Aqui é uma tentativa de impor uma derrota política ao governo do presidente Lula”, afirmou o parlamentar.
Ao longo desta quarta-feira, governistas também culparam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), pela pressão que fez sobre deputados nos últimos dias para derrubar a MP.
“Eu acho que ele teria coisa mais importante para se preocupar. Não tem plano de segurança pública em São Paulo, me parece que não tem problema de pedágio em São Paulo, me parece que não tem problema de metanol em São Paulo. Aliás, de metanol ele até disse que não tem, né?”, disparou o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), antes da votação.
A leitura é que, na posição de possível rival de Lula na disputa ao Planalto em 2026, Tarcísio é o principal interessado em evitar que o governo ajuste suas contas e tenha espaço para gastar em ano eleitoral.