Nos últimos anos, os grandes escritórios de advocacia brasileiros vêm adotando um modelo de atuação cada vez mais próximo ao norte-americano, conhecido no mercado como o das big law. Estruturas robustas, equipes compostas por centenas de advogados e colaboradores, setorização rígida das áreas de prática, metas de desempenho e hierarquias verticalizadas passaram a ser características comuns entre as bancas que disputam espaço na elite da advocacia nacional. Essas informações foram pauta de uma análise publicada pelo site especializado em direito Migalhas.
"O resultado mais evidente desse formato é a escalabilidade da produção jurídica, que garante margens de lucro e consolida a imagem dos escritórios como verdadeiras corporações", é o que afirma Leonardo de Campos Melo, sócio-administrador e fundador do escritório LDCM Advogados, especializado em contencioso cível, empresarial, de direito público, recuperação de crédito e insolvência, com atuação em arbitragens nacionais e internacionais, contencioso judicial e administrativo.
Em paralelo, também cresce no Brasil a adoção de um formato mais associado ao modelo europeu: os escritórios boutique. "Com estruturas enxutas e foco em nichos específicos, essas bancas oferecem atendimento personalizado, contato direto com os sócios responsáveis e grande agilidade na condução das demandas. Nesse modelo, a relação com o cliente se dá pela alta especialização técnica e pela proximidade no acompanhamento do caso", explica Leonardo.
Dados recentes acompanham o ponto de vista de Leonardo. Um relatório da Thomson Reuters mostra que escritórios médios já concentram mais de um terço das disputas jurídicas de grandes corporações globais, tendência explicada pela busca por eficiência de custos e pela percepção de que qualidade não depende do tamanho da banca.
O argumento central é recorrente: há uma lacuna no mercado de advogados altamente especializados, capazes de oferecer soluções céleres, personalizadas e menos onerosas do que as praticadas pelas grandes firmas", acrescenta o advogado. "A comparação entre big law e boutique, portanto, não se limita a questões de escala ou de organização interna. Trata-se de uma disputa conceitual sobre modelos de advocacia. De um lado, as bancas que reproduzem a lógica corporativa, sustentadas por metas, padronização e faturamento. De outro, escritórios menores que se apoiam na grande proximidade, no atendimento diferenciado, e na especialização como fatores diferenciais em mercado de forte competição", completa.
Ainda que ambos os modelos possam coexistir no mercado brasileiro pelo futuro adiante, o movimento atual pode aponta para uma valorização crescente do atendimento personalizado e da experiência do cliente. "Nesse cenário, o peso da escolha tende a recair menos sobre o tamanho do escritório e sua estrutura física e mais sobre a alta especialização, experiência e confiança que o advogado consegue transmitir ao cliente", finaliza Leonardo.