O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conseguiu promover nessa segunda-feira (18) uma discussão de substância sobre a guerra na Ucrânia. A prova disso é que ele interrompeu uma reunião com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e os principais líderes europeus, para falar pelo telefone com o autocrata russo, Vladimir Putin.
Depois do telefonema, que segundo Yuri Ushakov, assessor de Putin, durou 40 minutos, Trump postou em sua rede Truth Social que tinha começado a organizar um encontro bilateral entre os presidentes russo e ucraniano, seguido de um trilateral, que o incluiria.
Os temas mais importantes são: garantias de segurança para a Ucrânia e para a Europa de que a Rússia não tentaria ocupar mais território depois de um acordo de paz; quais territórios a Ucrânia teria de ceder, e sob quais condições; e um cessar-fogo antes do acordo.
A questão das garantias de segurança foi a que mais avançou. Trump reafirmou que os EUA estarão “envolvidos” nesse arranjo, embora pontuando que os europeus tomarão a linha de frente, já que o problema os atinge mais diretamente.
Países como Reino Unido e França se dispõem a enviar tropas para monitorar uma eventual linha de armistício. Putin não aceita a ideia de forças terrestres de países membros da Otan na Ucrânia.
Trump também se mostrou confortável com a ideia de que a Ucrânia poderá se armar, o que incluiria a compra de armas americanas, diretamente e também por meio de países europeus. Putin exige uma desmilitarização da Ucrânia.
O autocrata condicionou o acordo de paz à Ucrânia entregar os 30% de território do Donbas que as tropas russas não conseguiram ocupar, nesses 11 anos desde a primeira invasão do leste ucraniano, em 2014.
Esse é um tema bastante espinhoso. Os ucranianos poderiam estar dispostos a aceitar a ocupação de fato dos territórios efetivamente tomados militarmente, mas não áreas que eles têm defendido com muito sacrifício, com milhares de mortos e mutilados a cada semana.
A recusa russa de um cessar-fogo antes do acordo de paz também é um obstáculo importante. Historicamente, acordos de paz começam com um cessar-fogo. Aliás, alguns acordos de cessar-fogo nunca evoluíram para um acordo de paz, como no caso das duas Coreias nos anos 50. Mas a estabilidade, apesar das tensões, foi estabelecida. Fazer um acordo de paz em meio a um conflito armado ativo é algo insólito.
Além disso, o cessar-fogo seria a forma de congelar a disputa territorial. É precisamente por isso que Putin não aceita essa ideia, pois ela entra em contradição com a exigência que ele faz de obter o restante do Donbas sem lutar.
Um acordo de paz está longe de estar garantido. Mas ele ficou menos distante nessa segunda-feira.