A população em vulnerabilidade social se tornou a mais atingida pelo novo coronavírus em Belo Horizonte nas últimas semanas. Saltou de 10 para 38 o número de casos da virose nas vilas da capital mineira – um aumento de 280%, na comparação entre os dois últimos boletins da prefeitura com o consolidado por bairros da cidade.
Além disso, o Alto Vera Cruz, onde está um dos maiores aglomerados da cidade, tornou-se o bairro com o maior número de vidas perdidas: três, ao lado do Pompeia, ambos no Leste de BH.
Houve aumento, também, no número de casos confimados nos conjuntos de BH: de 2 para 14, concentrados nos conjuntos Bonsucesso e Jatobá, no Barreiro, e Taquaril, no Leste de BH.
Os números fazem parte do boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura de Belo Horizonte nesta quarta-feira (17).
Segundo o documento, 62 das 82 mortes confirmadas por COVID-19 na capital já foram georreferenciadas.
São 254 bairros com ao menos um diagnóstico de infecção pelo novo coronavírus. No boletim anterior, divulgado em 3 de junho, apenas oito vilas faziam parte da lista.
Agora, 14 dias depois, são 23 vilas no levantamento da PBH. Um crescimento de 187,5%.
Houve crescimento também nas mortes nas vilas: apenas uma pessoa havia perdido a vida em 3 de junho, na Vila Clóris, na Região Norte de BH.
No boletim desta quarta, além dessa morte, há mais dois óbitos nas vilas Vista Alegre, na Zona Oeste da cidade, e Nova Cachoeirinha I, no Noroeste da capital.
Se somadas as três mortes do Alto Vera Cruz, são ao menos seis vidas perdidas em locais de vulnerabilidade social em BH. Nesse bairro, há outros 12 casos confirmados.
Desses, nove são graves: a maior quantidade de casos de síndrome respiratória aguda grave com diagnóstico positivo para COVID-19 entre todos os bairros de Belo Horizonte.
Considerando o número de casos em geral, isto é, também aqueles de síndrome gripal (menos graves), o bairro com mais diagnósticos é o Buritis, no Oeste da cidade: 37. Na sequência, aparece o Belvedere, no Centro-Sul, com 34.
Belo Horizonte tem boa parte da população morando em vilas e favelas, onde o adensamento populacional e a deficiência na oferta de serviços sanitários tornam esses espaços ainda mais vulneráveis ao novo coronavírus.
Em abril, ainda no início da pandemia, o Estado de Minas fez reportagem sobre as medidas e programas criados pelas comunidades para unir esforços e conseguir doações para manter a população em quarentena.
À época, o infectologista Carlos Starling, membro do comitê de enfrentamento à COVID-19 criado pela prefeitura, destacou a contribuição dessas organizações.
"Em qualquer comunidade, onde há deficiência de sistema sanitário, grande concentração de pessoas, e onde muitas vivem num mesmo ambiente, isso é muito preocupante.”, disse.