O Real Madrid, dono de 15 títulos da Liga dos Campeões da UEFA, deu adeus ao torneio de forma surpreendente — e dolorosa — diante de sua torcida, no estádio Santiago Bernabéu. Depois de perder por 3 a 0 na Inglaterra, a missão dos merengues já era considerada praticamente impossível. E foi. O algoz? O Arsenal, que confirmou a vaga com uma nova vitória, desta vez na capital espanhola. Mas o que torna essa eliminação ainda mais simbólica é o autor do golpe final: um brasileiro. E não qualquer um.
Gabriel Martinelli, atacante do Arsenal, foi o nome do jogo e cravou o último prego no caixão da esperança madridista. Um jogador que raramente é manchete no Brasil, mas que brilha com cada vez mais intensidade nos palcos da Europa. Revelado pelo Ituano em 2018, após passagem pela base do Corinthians, Martinelli foi cedo para a Inglaterra e, sem fazer alarde, conquistou espaço no competitivo futebol inglês — onde prestígio se conquista com desempenho, não com vídeos de dribles em redes sociais.
Enquanto isso, no Brasil, ele segue sendo um nome periférico quando o assunto é Seleção. Convocado de vez em quando, quase nunca tem chances reais de mostrar serviço. Não é tratado como promessa dourada nem como garoto-propaganda, como tantos outros que a mídia abraça — até mesmo quando fracassam em sequência. Basta lembrar de nomes como Vitor Roque, um fracasso fulminante na Espanha; ou Gabigol, que deu vexame na Itália e voltou sem balançar as redes.
A verdade é que Martinelli, com sua discrição e eficácia, foi o responsável direto por derrubar o maior campeão da história da Champions. Um brasileiro que não tem tanto prestígio no Brasil, mas que tem respeito de sobra no futebol mais exigente do mundo. O gol que selou a queda do Real Madrid não foi só um feito esportivo: foi também um tapa com luva de pelica na forma como o Brasil trata seus talentos.
Martinelli não precisou voltar para ser valorizado. Ele apenas mostrou que talvez estejamos olhando para os nomes errados. Enquanto alguns brilham nos holofotes da mídia, outros brilham nos gramados da Europa — e derrubam gigantes.