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O homem de confiança de Bolsonaro que virou ministro e pivô de crise no governo: quem era Gustavo Bebianno

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14/03/2020 às 23h04
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O homem de confiança de Bolsonaro que virou ministro e pivô de crise no governo: quem era Gustavo Bebianno

Gustavo Bebianno, ex-presidente do PSL, coordenador da campanha eleitoral à Presidência e ex-ministro de Jair Bolsonaro, morreu na madrugada deste sábado (14), aos 56 anos.

Bebianno, que também era pré-candidato a prefeito do Rio, estava em sua casa, em Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, quando passou mal e sofreu um infarto fulminante. A informação foi confirmada pelo empresário Paulo Marinho, amigo de Bebianno e atual presidente do PSDB no Rio de Janeiro, partido pelo qual Bebianno pretendia disputar a prefeitura do Rio.

Bebianno foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. O corpo do ex-ministro foi enterrado neste sábado no Cemitério Municipal Carlinda Berlim, em Teresópolis.

Homem de confiança de Bolsonaro e um dos coordenadores da campanha à Presidência, Gustavo Bebianno não durou muito tempo no governo. No dia 18 de fevereiro de 2019 ele foi demitido da Secretaria-Geral por "incompreensões e questões mal entendidas", como definiu o presidente em nota divulgada na ocasião. Essa seria a primeira das três mudanças que ocorreram na pasta em menos de seis meses de governo.

A demissão de Bebianno ocorreu em meio a uma crise após o jornal Folha de S.Paulo revelar que o ex-coordenador de campanha repassou, quando presidia o PSL, R$ 400 mil para a campanha de uma candidata a deputada federal em Pernambuco que recebeu 274 votos.

A crise se agravou quando Bebianno se desentendeu com Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente e vereador no Rio de Janeiro. Após negar que fosse pivô de uma crise no governo e dizer que falou com o presidente três vezes com o presidente naquele dia, Bebianno despertou a fúria de Carlos.

O filho de Bolsonaro usou as redes sociais para dizer que Bebianno mentiu e chegou a divulgar um áudio no qual, segundo eles, o presidente diz que não poderia falar com o ministro.

PSDB @PSDBoficial
 

Lamentamos profundamente o falecimento do ex-ministro Gustavo Bebianno. Nossa solidariedade aos familiares e amigos.

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Afastamento e críticas

Depois de ser demitido, o maior esforço de Bebianno passou a ser o de se desvencilhar das ligações com Bolsonaro e das acusações de corrupção que surgiram após a eleição. Em fevereiro de 2019, a Polícia Federal abriu investigação para apurar possíveis desvios de dinheiro do fundo eleitoral e partidário.

gustavo bebianno
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Após filiar-se ao PSDB, Bebianno tornou-se um forte crítico da família Bolsonaro

Em entrevista à BBC News Brasil em agosto do ano passado, Bebianno negou qualquer irregularidade e disse ter liberado recursos de acordo com o pedido dos dirigentes estaduais do partido. Admitia apenas que era um "faz tudo" da campanha de Bolsonaro. Além disso, afirma que só assumiu a presidência da sigla porque ninguém mais no entorno do então candidato se habilitou a fazê-lo.

Bebianno se tornou um crítico mordaz dos Bolsonaros. Carlos seria incapaz de "raciocínio com início, meio e fim" e Eduardo (deputado pelo PSL-SP) não passaria de "um surfista".

O problema seria agravado pelo fato de que Jair Bolsonaro "passou a ouvi-lo de maneira demasiada", na opinião de Bebianno.

Na entrevista, foi muito crítico e acusou o presidente Bolsonaro de ser "cara de pau" em sua decisão de indicar o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para chefiar a Embaixada do Brasil nos EUA. Meses depois, Bolsonaro desistiu de indicar o filho para o cargo.

"Eduardo, coitado, ele não tem a menor condição. Ele sequer sabe o papel de um embaixador. Ele não tem ideia. Eu convivi de perto com o Eduardo, ele não tem noções básicas de negociação, é um garoto, um menino, um surfista que teve um mandato por causa do pai, depois surfou de novo a onda do pai, na conquista do segundo mandato, mas é um rapaz completamente inexperiente. O nível acadêmico dele é bem iniciante, ele não tem condições", diz Bebianno, em agosto, à BBC News Brasil.

Ascensão rápida e admiração pelo presidente

 

Bebianno, que era figura recente no entorno de Bolsonaro à época da campanha eleitoral, ascendeu rapidamente como um dos principais interlocutores do presidente. Admirador do militar reformado, o advogado carioca de 54 anos começou a procurá-lo com insistência a partir de 2015 e passou a assessorá-lo juridicamente de forma voluntária em 2017. Em suas falas públicas, era clara sua devoção ao novo presidente.

"Poucas pessoas conhecem o coração de Jair Bolsonaro e sua capacidade de enfrentar desafios, sua resiliência. (…) Na convivência do dia a dia, a minha admiração só se fez aumentar. Hoje posso dizer que sou, de forma hétero, apaixonado por Jair Bolsonaro", discursou em julho de 2018, no lançamento oficial da candidatura.

Embora repetisse com frequência que nunca foi politizado ou que tenha gostado de política, participou da negociação que selou a entrada de Bolsonaro no PSL para disputar a eleição. Foi destacado, então, para assumir a presidência do partido no lugar de seu fundador, Luciano Bivar, de onde conduziu a vitoriosa campanha ao Planalto.

Quando o então candidato levou uma facada, no início de setembro em Juiz de Fora (MG), seu fiel escudeiro foi parar dentro do centro de cirurgia em que Bolsonaro estava sendo operado, junto com Carlos, um dos filhos do presidente eleito.

Antes de despertar para a política, foi diretor jurídico do Jornal do Brasil e sócio do escritório de advocacia Sergio Bermudes, um dos mais tradicionais do Rio. Era formado em direito pela PUC-Rio e mestre em finanças pela Universidade de Illinois (EUA).

Ameaças e material contra presidente

Em entrevista dada à à Rádio Jovem Pan em dezembro de 2019, Bebianno afirmou ter "fora do Brasil" material com informações relativas ao mandatário e ao governo.

"Me sinto, sim, ameaçado. O presidente Jair Bolsonaro é uma pessoa que tem muitos laços com policiais no Rio de Janeiro. Policiais bons e ruins. Me sinto, sim, vulnerável e sob risco constante. [...] Eu tenho material, sim, inclusive fora do Brasil. Porque eles podem achar que, fazendo alguma coisa comigo aqui no Brasil, uma coisa tão terrível que fosse capaz de assustar quem estivesse ao meu redor e, portanto, inibir a divulgação de algum material... Eu tenho muita coisa, sim, inclusive fora do Brasil. Então, não tenho medo", afirmou.

Muitos políticos e autoridades repercutiram neste sábado a morte do ex-ministro de Bolsonaro.

O vice-presidente da República, general Antonio Hamilton Mourão (PRTB), disse no Twitter que o ex-ministro esteve com a equipe que cerca o presidente "desde os primeiros momentos da campanha vitoriosa de Bolsonaro". Mourão também disse que a política pode ter lhe afastado de Bebianno, mas "não apaga jamais o bom combate que travamos juntos".

"Com profundo pesar recebi a notícia da morte de Gustavo Bebianno. Seu falecimento surpreende a todos. O Rio perde, o Brasil perde. Bebianno tinha grande entusiasmo pela vida e em trabalhar por um país melhor. Meus sentimentos aos familiares e amigos nesse momento de dor", afirmou João Doria, presidente nacional do PSDB, em rede social. "Quarta passada recebi Gustavo Bebiano. Tivemos ótima conversa sobre sua entrada na vida pública. Convivemos pouco, mas era cristalino que estava com um homem de boa índole, preparado e animado em se apresentar à população do Rio esse ano. Deus o tenha e dê todo conforto à sua família".

"Lamento muito a morte precoce do Gustavo Bebbiano. Tivemos um relacionamento muito respeitoso e ele sempre se mostrou correto e equilibrado no trato dos assuntos. Seria mais um bom quadro para a disputa na nossa cidade do Rio. Meus sentimentos aos seus familiares", afirmou Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, em rede social.

"Gente, a luta pela vida é pior que a guerra, pois a morte é inexorável. Um grande marechal de campo diz: "agora é hora de enterrarmos os mortos e cuidarmos dos vivos". Uma pena. Muito jovem, Bebianno nos deixa, hoje, mas teve tempo para colaborar com sua parcela de cidadão e patriota. Aos companheiros e amigos: nos resta amar, confiar e nos agrupar, cada vez mais, para que nossos objetivos sejam alcançados. Chega de sentimentos conspiratórios entre os homens e mulheres de bem. É nessas figuras de bem que encontraremos o repouso de quem nos energiza pelo calor da paz, da confiança e da gratidão. Que Deus nos ilumine nessas horas difíceis para que a serpente do mal não nos devore. A Bebianno as nossas orações", disse em rede social Luciano Bivar, presidente nacional do PSL.

Paulo Marinho, presidente estadual do PSDB no Rio de Janeiro, também lamentou: "A cidade do Rio perdeu um candidato que iria enriquecer o debate eleitoral, e eu perdi um irmão. O Gustavo morreu de tristeza por tudo que ele passou. Agora é hora de confortar a esposa, os filhos e os amigos. Sempre será motivo de orgulho para o PSDB/RJ ter a passagem de Gustavo Bebianno registrada em sua história".

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