Internacional Acordo de paz
Netanyahu promete recuperar todos os corpos de israelenses sequestrados pelo Hamas
Atentado, considerado o mais violento da história do país, deixou 1.221 morto, a maioria civis, e resultou no sequestro de 251 pessoas levadas a Gaza
17/10/2025 08h51
Por: Naty Araujo Fonte: Notícia Certa

O primeiro-ministro de IsraelBenjamin Netanyahu, afirmou nesta quinta-feira (16) que está “determinado” a garantir o retorno de todos os corpos de israelenses sequestrados pelo Hamas, que reafirmou seu compromisso em devolvê-los, mas advertiu que o processo “levará tempo” devido às condições críticas na Faixa de Gaza. Israel acusa o movimento palestino de violar o acordo de cessar-fogo, firmado após mais de dois anos de conflito iniciado com o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. O atentado, considerado o mais violento da história do país, deixou 1.221 mortos — a maioria civis — e resultou no sequestro de 251 pessoas levadas a Gaza.

Pelo acordo, o Hamas deveria devolver todos os reféns, vivos e mortos, em até 72 horas após o início do cessar-fogo, prazo encerrado na segunda-feira (13). O grupo libertou 20 reféns vivos e entregou 9 dos 28 corpos prometidos. Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (17), o Hamas disse que entregou os corpos “aos quais teve acesso”, ressaltando que parte deles estaria enterrada em túneis destruídos por Israel ou sob escombros de prédios bombardeados.

Durante cerimônia no Monte Herzl, em Jerusalém, Netanyahu reforçou o compromisso de trazer todos os reféns e vítimas de volta. “Estamos determinados a garantir o retorno de todos os reféns”, afirmou. Em contrapartida, Israel já entregou 120 corpos de palestinos. A Turquia anunciou o envio de 80 especialistas para ajudar nas buscas por corpos, incluindo os de reféns israelenses. Tensão com o Hamas e ameaça de retomada dos combates

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, advertiu na quarta-feira (15) que Israel retomará os combates “em coordenação com os Estados Unidos” caso o Hamas não cumpra integralmente o acordo. O presidente americano Donald Trump também elevou o tom e ameaçou “matar” integrantes do Hamas caso o grupo “não pare de matar pessoas” em Gaza. A declaração faz referência a uma onda de execuções promovida pelo Hamas contra civis, em uma tentativa de reafirmar o controle sobre o território.

O Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos pediu ao governo israelense que suspenda a implementação do acordo até que o Hamas devolva todos os corpos e reféns, vivos ou mortos. Entre os familiares que conseguiram reencontros, está Silvia Cunio, argentina que vive em Israel. Ela recuperou os filhos Ariel e David, sequestrados em 2023. “Durante dois anos, não respirei. Durante dois anos, senti que não tinha ar”, relatou.

A primeira fase do acordo prevê ainda a retirada parcial das tropas israelenses de Gaza e a ampliação da entrada de ajuda humanitária. A segunda etapa inclui negociações sobre o desarmamento e expulsão do Hamas e a continuidade da retirada militar. Israel controla todos os acessos à Faixa de Gaza, incluindo o posto de Rafah, na fronteira com o Egito, que deve ser reaberto no domingo (19), segundo o chanceler Gideon Saar.

O diretor de operações humanitárias da ONU, Tom Fletcher, cobrou que Israel permita o envio de ajuda em larga escala ao enclave. A ofensiva israelense já deixou mais de 67,9 mil mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde local, cujos dados são considerados confiáveis pela ONU. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a disseminação de doenças está “fora de controle”, enquanto a Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC) aponta para um cenário de fome extrema.

“Não há água limpa, nem mesmo água salgada”, relatou Mustafa Mahram, morador deslocado que retornou a Gaza. “Não temos as coisas mais básicas para a vida — nem comida, nem bebida, nada.”