O agronegócio tem sido, ao longo dos anos, fundamental para o crescimento da economia brasileira. Por representar 23,5% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2024, responde por parcela significativa da mão de obra empregada e, além de ter expressiva participação nas exportações, garante a segurança alimentar do país, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - CEPEA Esalq/USP.
A partir do período pós-pandêmico, o sistema de consórcios tornou-se mais importante nos planejamentos agrícola e pecuário. Ao maximizar a rentabilidade com redução de despesas, os consórcios de tratores, máquinas e implementos agrícolas vêm, ano após ano, crescendo no meio produtivo e proporcionando avanços contínuos em toda a cadeia do agronegócio.
Em razão de atualização dos percentuais de participação, o segmento de veículos pesados passou a se compor com aproximadamente 51% de participantes em máquinas agrícolas, 41% em caminhões, e 8% em implementos rodoviários e agrícolas, ônibus, aeronaves e embarcações.
Recente levantamento realizado pela assessoria econômica da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), junto às empresas associadas que atuam na venda de cotas de máquinas agrícolas, mostrou a grande procura pela modalidade.
Participantes cresceram 149% em seis anos
Ao analisar somente os meses de agosto de 2020 a 2025, já reclassificados em 51%, observou-se desempenho crescente dos participantes ativos no consórcio de máquinas agrícolas. Enquanto em 2020 havia 184,79 mil, no ano seguinte o total atingiu 223,25 mil. Um ano depois, em 2022, atingiu 289,73 mil, rapidamente ultrapassados em 2023, quando chegou a 384,55 mil consorciados. Em 2024, somou 423,79 mil, 8,6% menor que os 460,12 mil deste ano. O crescimento de 149,0% no período evidenciou a confiança, credibilidade e importância do mecanismo no planejamento estratégico das pessoas jurídicas e físicas.
Com faixas de créditos variando de R$ 126,26 mil a R$ 1 milhão, a maioria dos consorciados aderiu a cotas para adquirir suas máquinas agrícolas no valor médio de R$ 565,27 mil.
Aumento das adesões atingiu 110,9%
Ao considerar especialmente a taxa de administração média de 0,087% ao mês, no prazo médio de 135 meses, a modalidade cresceu paralelamente ao agronegócio e anotou evolução de 110,9% nas adesões relativas aos acumulados de janeiro a agosto nos últimos seis anos. As vendas saltaram de 32,27 mil cotas, em 2020, para 68,05 mil, neste ano, comprovando a forte procura pelo consórcio em planejamentos a médio e longo prazos.
Região Centro-Oeste lidera as adesões
No período dos oito primeiros meses deste ano, o maior acumulado de cotas vendidas por região foi registrado no Centro-Oeste, com 36,0%. Na sequência, foi possível verificar as regiões Sudeste e Sul com 25,6% e 19,9%, respectivamente. Norte e Nordeste fecham o número de cotas com 10,6% e 7,9%.
Consorciados contemplados avançam 138,6%
Nos últimos seis anos, as contemplações, momento em que os consorciados têm a oportunidade de adquirir seus bens, apresentaram avanços sucessivos no período de janeiro a agosto. Enquanto, em 2020, o total alcançava 13,40 mil contemplados, este ano, os 31,97 mil atingidos representam aumento de 138,6%.
Ainda com relação à variação no período de 2020 a 2025, entre os consorciados contemplados que utilizaram os créditos disponibilizados, 91,6% focaram suas compras em máquinas agrícolas novas, enquanto 8,4% adquiriram seminovas.
O equipamento mais procurado foi o trator, com 87,1%. Na sequência vieram as colheitadeiras com 2,5%, pulverizadores com 1,1%, adubadoras com 0,9%, semeadoras com 0,3% e outras, com grande diversidade de uso, com 8,1%.
Região Centro-Oeste lidera as contemplações
Nos acumulados de consorciados contemplados totalizados por regiões, durante os oito meses, a maior presença foi observada também no Centro-Oeste, com 33,1%. As regiões Sudeste e Sul vieram em seguida com 28,9% e 25,1%, respectivamente. Nordeste e Norte ficaram com 8,2% e 4,7%.
Entre as várias características exclusivas do consórcio de máquinas agrícolas, é possível citar a não cobrança de valores retroativos, a inexistência de IOF, o poder de compra ou de negociação, gerado pela atualização dos créditos a partir de vários índices de correção, como a Tabela do Fabricante e o IPCA com 38,45% cada, seguidos pelo INPC, INCC e 50% da taxa Selic, com 7,7% cada um.
Somente neste ano, de janeiro a agosto, a somatória de créditos originários das contemplações — R$ 7,99 bilhões — foi potencialmente injetada no mercado do agronegócio. Ao contabilizar 48,3% de alta, superou os R$ 5,39 bilhões do mesmo período no ano passado.
O levantamento ainda revelou que, entre os participantes ativos, 67,0% são pessoas físicas e 33,0% são de pessoas jurídicas. Apurou-se também que, nas pessoas físicas, há 12,9% na faixa etária de 18 a 30 anos; 42,1% na de 31 a 45 anos; e 45,0% na das acima de 45 anos.
A pesquisa mostrou também que os consorciados ativos atuam em propriedades de diversos tamanhos, partindo de 50 hectares até aquelas que superam 300 hectares, e utilizam basicamente máquinas a combustão. Do total, 90,0% estão presentes no setor agrícola, plantando principalmente soja (70,0%), milho (20,0%) e arroz (10,0%). Os demais 10,0% dedicam-se ao segmento de origem animal.
Independentemente de atravessar adversidades climáticas em várias regiões, o consórcio de máquinas agrícolas vem demonstrando que, com suas características e peculiaridades, adequam-se a produtores e criadores, especialmente no planejamento de plantios e da criação animal.
Por se tratar da forma mais simples e econômica de adquirir bens, Paulo Roberto Rossi, presidente-executivo da ABAC, explica que “o crescente aumento de vendas de cotas nos grupos de consórcios, ao longo dos anos, tem como base o conhecimento da educação financeira do produtor-consorciado que, ao considerar fatores como prazos de duração, formas adequadas de pagamentos, baixa taxa de administração, custo final menor, linha de crédito sempre disponível, sem cobrança de IOF, sem cobranças retroativas, tem aderido à modalidade para contar com máquinas de alta tecnologia embarcada, com o objetivo de reduzir custos e aumentar a lucratividade". Rossi resume: “O consórcio de máquinas agrícolas contribui diretamente para a expansão do agronegócio no Brasil".