Oito policiais militares foram presos nesta segunda-feira, 15, após uma gravação mostrar agressões contra uma vítima durante uma abordagem na madrugada do sábado, 13, em São Paulo. De acordo com a corporação, a prisão é preventiva, quando não há prazo para ser encerrada, e os agentes serão levados para o Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital.
O pedido de prisão, informou a Secretaria da Segurança Pública, partiu da própria Polícia Militar e foi deferido pela Justiça. Os mandados foram cumpridos pela Corregedoria da corporação. "A Polícia Militar, reafirmando seu compromisso com a legalidade e a transparência, pediu nesta segunda-feira a prisão preventiva dos oito policiais militares envolvidos na ocorrência do Jaçanã no último sábado", disse em vídeo divulgado a imprensa o porta-voz da PM, tenente-coronal Emerson Massera.Os policiais haviam sido afastados após a divulgação do vídeo que mostra as agressões. Gravações de testemunhas mostraram quando policiais desferiram chutes, socos e tapas em um jovem, que também é agredido com golpes de cassetete. O homem não apresenta reação ao espancamento sofrido, mas continua a receber os golpes enquanto diz ser “trabalhador”.
Em uma primeira versão, os policiais relataram que, durante deslocamento para atendimento de uma ocorrência, se depararam com uma perturbação de sossego público, com interdição de via e grande aglomeração de pessoas. Ao pedir apoio, as viaturas teriam sido alvos de rojões, pedradas e garrafas.
Para “repelir a agressão”, os agentes disseram ter identificado uma pessoa que estava arremessando pedras. “Na tentativa de abordagem, ao acessar uma escadaria, o soldado entrou em luta corporal com o mesmo quando tentou arrebatar o armamento das mãos do militar, sendo necessário força policial para contê-lo, fato que fez restar lesões corporais em ambos”. As informações constam da portaria de inquérito policial militar instaurado pela PM.
As imagens gravadas, no entanto, não mostram a luta entre o jovem e o policial, mas, sim, o cerco feito pelos agentes ao homem, que já estava caído, e os golpes sequenciais desferidos contra ele. Com a divulgação das imagens, a corporação decidiu abrir investigação para apurar crimes de lesão corporal e abuso de autoridade. No 73.º Distrito Policial, onde o caso foi registrado na Polícia Civil, o delegado responsável destacou que houve “considerável lapso entre o ocorrido e a apresentação a esta autoridade”.
A vítima prestou depoimento já pela manhã no DP e foi questionada sobre os ferimentos, mas reforçou a versão policial de que teria caído da escada. “Disse que as lesões na região de seu olho direito teriam ocorrido com a queda ao chão, pois teria batido a cabeça na escada”, registra o boletim de ocorrência do caso.
As imagens não mostram queda na escada. A versão pode ter sido dada diante de medo de represália pelos policiais militares. “Os policiais construíram uma história para alegarem legítima defesa, disseram que a vítima estava arremessando pedras e entrou em luta corporal. Mas as imagens desmentem a versão deles”, disse neste domingo ao Estadão o advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe).
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